"A forma original do mito é inspirada no eclipse, no qual a coroa solar freqüentemente sugere a forma de um grande pássaro, que parece copular com a Lua.
Numa primeira versão da lenda, para fugir à tenaz perseguição de Zeus, Nêmesis (a deusa da justiça) percorreu o mundo inteiro, tomando todas as formas possíveis, até que, cansada, se transformou em gansa. O deus se metamorfoseou em cisne e a possuiu.
Em conseqüência dessa conjunção, Nêmesis pôs um ovo, que encontrado por um pastor, foi entregue a Leda. A esposa de Tíndaro o guardou num cesto e, no tempo devido, nasceram Helena e Polidectes, que foram criados como filhos dos reis de Esparta.
A partir dos escritos de Eurípides, a perseguida por Zeus, sob a forma de cisne, foi a própria Leda, que teria posto dois ovos dos quais nasceram Castor e Clitemnestra, mortais; e Polidectes e Helena, imortalizados pelo senhor do Olimpo.
O tema de Leda e o Cisne, foi muito popular na arte renascentista italiana: paradoxalmente, era artisticamente mais aceitável representar uma mulher em ato sexual com um cisne do que com um homem. Artistas de primeira linha podiam criar obras mais explícitas com esse tema do que poderiam ousar com um casal humano.
Entretanto, a tolerância em relação a essas obras caiu muito no período mais moralista da Contra-Reforma: muitas das melhores foram destruídas, inclusive as de Leonardo da Vinci e Michelangelo, conhecidas apenas por meio de cópias.
As pinturas de Leonardo e Michelangelo desapareceram quando faziam parte da coleção da família real francesa, provavelmente destruídas por sucessores moralistas, ou por suas viúvas.
O tema tornou-se raro nos séculos seguintes, exceto pelas obras de Rubens (muito semelhante à tela de Michelangelo), Veronese e François Boucher.
O tema foi retomado no século XX, interpretado no surrealismo de Salvador Dali."


Nenhum comentário:
Postar um comentário