Tanto se tem falado a respeito de gerundismo, que já há quem tenha dúvida sobre o uso do gerúndio. Há até quem pergunte se o gerúndio não é mais usado ou se é errado o seu emprego. Então, antes que se comece a tomar o certo pelo duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas regras gramaticais.
Comecemos pelo significado da palavra “gerúndio”. Se procurarmos as definições nas gramáticas em uso encontraremos, geralmente, a seguinte explicação: “Gerúndio é uma das formas nominais do verbo que apresenta o processo verbal em curso e que desempenha a função de adjetivo ou advérbio”.
Ele apresenta-se de duas formas. A simples (Ex.: Chegando a hora da largada, a luz verde acendeu.) e a composta (Ex.: Tendo chegado ao fim da corrida, o carro foi recolhido ao boxe.)
O gerúndio expressa uma ação que está em curso ou que ocorre simultaneamente ou, ainda, que remete a uma ideia de progressão. Sua forma nominal é derivada do radical do verbo acrescida da vogal temática e da desinência -ndo. Exemplos: comendo; partindo.
Veja, a seguir, o uso do gerúndio na prática:
E a lama desceu pelo morro, destruindo tudo que encontrava pela frente.
Depois de vários dias chuvosos o sol despontou, alegrando o coração de todos.
Rindo, ele se lembrava com saudades dos dias felizes que tivera.
Abrindo o laptop, começou a escrever.
Com tanta malhação, José está mudando o seu corpo.
Os jornais andam falando que aquele político não presta.
“Caminhando sozinho aquela noite pela praia deserta, fiz algumas reflexões sobre a morte.” (Erico Verissimo, Solo de Clarineta, p. 12.)
Como vimos nos exemplos, o gerúndio pode ser empregado de diferentes maneiras em nossa língua sem que tenhamos praticado nenhuma heresia.
Já com o gerundismo é outra história. Nesse caso, trata-se do uso inadequado do gerúndio. Um vício de linguagem que se alastrou de modo tão corriqueiro e insistente que até já virou piada.
Então, se você usa expressões como: “Vou estar pesquisando seu caso.” “Vou estar completando sua ligação”.
Mude imediatamente sua fala para: “Vou pesquisar seu caso.” “Vou completar sua ligação.” Note que, nos dois casos, você passa a usar somente duas formas verbais (“vou” + “pesquisar” ou “vou” + “completar”) no lugar de três. Além disso, a ideia temporal a ser transmitida é a de futuro e não de presente em curso.
O gerundismo, portanto, é uma mania que peca pelo excesso, pela inadequação do verbo, que ocorre ao transformarmos, desnecessariamente, um verbo conjugado em um gerúndio. Vamos explicar melhor retornando ao exemplo já citado:
“Vou completar sua ligação.” (Construção correta = mais sintética e indica futuro.)
“Vou estar completando sua ligação.” (Construção errada, gerúndio desnecessário.)
Mas fique atento! Em algumas construções, quando a frase indica um processo com certa duração que ainda vai acontecer, não é errado dizer:
“Amanhã, enquanto você passeia, eu vou estar estudando o que é gerundismo. E, se deus quiser, aprenderei alguma coisa.”
Fonte: Pedagogia & Comunicação
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