"Na Roma antiga, os grandes domínios privados de terras, os latifúndios,
pertenciam somente à aristocracia. Esses nobres eram chamados de latifundiários.
Hoje, essa denominação é dada ao dono da grande propriedade
rural, onde a quase a totalidade das terras não são cultivadas
e é explorada com técnicas de baixa produtividade.
Através dos séculos passamos para o conceito de fazenda, que
é uma grande propriedade rural, de lavoura ou de criação
de gado, com alta produtividade. Assim temos a definição de
fazendeiro à pessoa que possui ou cultiva fazendas.
No Brasil colônia as fazendas eram muito grandes.
Os "senhores", que eram chamados os fazendeiros, e suas famílias
viviam na casa-grande ou sede. Em geral, eram muito ricos e ocupavam cargos
públicos, como juízes de paz, oficiais da Guarda Nacional, deputados,
governadores municipais e provinciais.
A ânsia pelas riquezas fazia com que os casamentos fossem cada vez
mais freqüentes entre essas famílias. De modo que as propriedades
não eram divididas. Outro desejo comum era obter um título de
nobreza. Para alcançar esse objetivo, eles prestavam serviço ou trocavam
favores como o Imperador, ou compravam o título.

A maioria dos grandes fazendeiros tornava-se barão.
Os barões do café, do cacau e outros, valorizavam hábitos
e comportamentos que consideravam adequados à nobreza.
Eram hospitaleiros com os conhecidos, protegiam os afilhados, financiavam
obras culturais e beneficentes, viajavam muito e mandavam os filhos à
Europa para estudar.
Tudo mudou para os fazendeiros brasileiros com a abolição dos
escravos e a chegada dos imigrantes. Aos poucos foram empobrecendo e a nobreza
estava apenas no título comprado.
A maioria adaptou-se aos novos tempos, que a república exigia, e novas
gerações de fazendeiros surgiram.
Os fazendeiros, nos últimos anos do século XIX, tornaram-se
empresários modernos.
Donos de fazendas mecanizadas, utilizam equipamentos aperfeiçoados,
como ventiladores, despolpadores e separadores de grãos.
Com isso, geram muitos empregos, pelas várias tarefas especializadas
que aumentam a divisão do trabalho e a produtividade.
Hoje, os fazendeiros ocupam um lugar de destaque, em qualquer país
do mundo, onde a agricultura faz parte do primeiro setor da economia, como
gerador de recursos para as nações.
Tornaram-se importantes geradores de divisas nacionais, pois fornecerem alimentos
para o mercado interno e também exportam muito.
Além disso, colaboram para o avanço das pesquisas tecnológicas.
Quando surge uma nova doença na pecuária, ou uma praga desconhecida
é detectada na agricultura, os pesquisadores das grandes indústrias
químicas e os órgãos do governo entram em ação,
fazendo novas descobertas.
Enquanto isso, a indústria tecnológica de maquinários
para o manejo da terra, se mantém em constante modernização
para que haja maior colheita.
Esses processos geram empregos, criam indústrias e avançam
o conhecimento científico.
Os fazendeiros nesse terceiro milênio são os guardiões
das reservas ecológicas do planeta, e os fornecedores de alimentos
de toda a população do planeta.
Mas estão conscientes que só as fazendas auto-sustentadas é
que deverão existir.
O peso do setor agrário na economia brasileira é indiscutível.
As exportações vão bem mas, na estrutura econômica
como um todo, não se pode perder de vista o fortalecimento do mercado
interno.
É inegável que a prosperidade no campo alavanca o desenvolvimento
nas cidades.
A capitalização dos fazendeiros deverá incentivar a
abertura de empregos em outras áreas da economia, como nas indústrias
de construção civil, têxtil e automobilística.
Mas, o que se observa atualmente é uma redução no número
de fazendeiros.
Naturalmente, os números declinantes de fazendeiros nas nações
industrializadas não significam uma redução da importância
do setor agrícola.

O mundo ainda precisa comer (e 80 milhões mais de bocas para alimentar
a cada ano), portanto, o número menor de fazendeiros significa maiores
fazendas e maior concentração de posse.
A figura do fazendeiro como pequeno produtor já é bem rara
nos dias de hoje.
Uma questão central é a da própria estrutura agrária
do País.
Ainda hoje a reforma agrária é tema da maior importância,
uma forma de dar ao homem uma opção de permanência no
campo, uma alternativa barata de geração de empregos para uma
população com pouca educação formal e técnica,
além de propiciar a criação de um novo grupo de compradores
de bens de consumo, insumos e máquinas agrícolas.
Enquanto a solução não chega, movimentos como o MST
(Movimento dos Sem-Terra) entram em conflitos constantes com os grandes fazendeiros,
numa luta por terra e por dignidade."
Fonte: O Fazendeiro
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