domingo, 16 de outubro de 2011

Professores de educação física dão dicas de exercícios para emagrecer

"José Rubens D'Elia e Mauro Guiselini ensinam a otimizar resultados. Veja sugestões práticas para pessoas sedentárias, obesas e crianças. Nesta semana em que o G1 faz uma série especial sobre remédios moderadores de apetite e perda de peso, o prepador José Rubens D'Elia e o educador físico Mauro Guiselini deram dicas sobre como emagrecer de forma saudável fazendo atividade física. Abaixo, você confere as respostas deles sobre os exercícios ideais para diminuir os quilinhos extras e as dicas para quem não gosta de se mexer, mas quer sair do sedentarismo. Além disso, os especialistas falam sobre atividades indicadas para crianças e para obesos que optaram ou não pela cirurgia de redução de estômago.

G1: Quais exercícios emagrecem?
Preparador físico José Rubens D’Elia: Exercícios aeróbicos combinados com musculação ajudam a reduzir o peso. A musculação é importante porque acelera o metabolismo, aumenta a massa magra e oxigena os músculos. Já as atividades aeróbicas indicadas são: caminhada, corrida, bicicleta (ergométrica ou não), esteira, transport, natação e aulas em grupo (como dança, jump e spinning).
Educador físico Mauro Guiselini: A musculação precisa ser incentivada junto com a parte aeróbica, porque “segura” a musculatura, ajuda a pessoa a não perder massa magra no emagrecimento e a eliminar mais gordura.
G1: Quanto de exercício é preciso fazer para emagrecer?
D’Elia: O ideal é fazer exercício aeróbico 5 vezes por semana, por no mínimo 30 minutos. Essa é, inclusive, uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Também é importante aumentar as atividades diárias, fazer mais deslocamentos a pé, lavar mais roupa. E tudo numa intensidade de moderada a intensa.
Guiselini: O mais importante é ter um débito calórico, ou seja, consumir menos calorias do que você gasta. Se você perder de 350 a 400 kcal em cada exercício diário, ao final de dez dias terá eliminado meio quilo de gordura.
G1: Quais as dicas para quem não gosta de exercício?
D’Elia: Muita gente diz que não gosta de atividade física porque ainda não experimentou todas, não as testou direito ou teve algum “trauma”. É fundamental degustar, procurar algo que tenha a ver com você e lhe dê prazer. Pode ser um exercício ao ar livre, por exemplo. Indico sempre provar pelo menos três novas atividades por ano. E é preciso ter paciência no começo: no mínimo, três meses para acostumar seu corpo ao movimento e passar a gostar daquilo que você está praticando.
Guiselini: Há pessoas que encontram prazer na dança de salão, no pilates, na ioga, no tai chi chuan. Ou seja, não precisa ser uma atividade “convencional”. Essas alternativas são a opção de milhares de pessoas no Brasil, e muitas vezes servem para inseri-las também em outros tipos de exercícios.
G1: Qual é o erro mais comum de quem quer perder peso?
D’Elia: Com o exercício, a pessoa acaba sentindo mais fome. E esse momento pode ser perigoso. Por isso, é preciso tomar cuidado com excessos e alimentos engordativos. Outro erro frequente é que, ao praticar uma atividade física, o indivíduo reduz suas atividades diárias e fica mais sedentário, porque acha que já está fazendo exercícios em um horário específico e não precisa se mexer mais.
Guiselini: Em um processo de emagrecimento, 70% vêm da alimentação e 30% da atividade física. O maior erro das pessoas é treinar demais e comer errado (fazer longos períodos de jejum ou eliminar os carboidratos, que são o combustível das células). Muita gente também diz que não se exercita porque, quando para, engorda tudo de novo ou mais. Isso acontece porque esses indivíduos, ao se movimentarem, acabam gastando mais calorias e comendo mais. Mas, quando voltam ao sedentarismo, não diminuem a quantidade de comida, e aí ganham peso.
G1: Quem fez cirurgia de redução de estômago precisa fazer exercícios?
D’Elia: Após a operação, o obeso precisa adaptar muitas coisas na vida. Com a liberação do médico, pode iniciar uma caminhada e sessões de alongamento para se acostumar com o novo corpo. A atividade física é extremamente necessária para essas pessoas, que são grandes candidatas a problemas na coluna, nos joelhos e nas articulações, entre outros.
Guiselini: Essa recomendação vale para quem fez lipoaspiração também. E não é porque o estômago foi reduzido que as células de gordura desapareceram. Elas continuam lá. Existem estudos que mostram que, em cinco anos, até 70% das pessoas que fizeram cirurgia bariátrica voltam a engordar, total ou parcialmente.
G1: Qual é a maior dificuldade para um obeso perder peso sem cirurgia?
D’Elia: As pessoas gordas, em geral, precisam de um motivo muito forte para emagrecer e alguém as acompanhando, senão fica difícil continuar. Elas também têm que entender a importância da reeducação alimentar e adotá-la. Além disso, devem encontrar um atividade física que curtam.
G1: Quanto tempo leva, em média, para um obeso ficar com um peso bom apenas se exercitando e comendo de forma saudável?
Guiselini: Os obesos mórbidos tendem a perder peso mais rapidamente, porque têm mais gordura acumulada. Mas um obeso leve, com índice de massa corporal (IMC) em torno de 30, pode perder, de forma saudável, de 2 a 2,5 kg por mês. Dietas radicais demais nunca são benéficas.
BE: Quais os melhores exercícios para crianças? Como incentivar as crianças sedentárias a fazer uma atividade física?
D’Elia: É na infância que geralmente se forma o obeso mórbido. A criança não deve ir para a academia nem precisa virar atleta, mas tem que brincar muito e praticar esportes. Pode jogar futebol, andar de bicicleta, nadar, fazer artes marciais (judô, caratê, capoeira) ou dançar. As crianças mais obesas precisam de uma atenção ainda maior. E os pais devem incentivar os filhos, observar o gosto deles, o perfil, o que lhes dá prazer – da mesma forma como acompanham o desempenho escolar. Onde há sorriso, é sinal de que está dando certo. E a casa é o lugar onde você ensina, a família é o cerne de tudo.
Guiselini: Antigamente, as crianças eram muito mais ativas, construíam carrinho de rolimã, brincavam na rua, caíam, se machucavam. Hoje, elas jogam futebol pela internet, com outras mil pessoas. E aí o corpo sofre. Para sair do sedentarismo, recomendo pedalar, correr, jogar basquete, vôlei, futebol e outras atividades de socialização."

Fonte: Do G1, em São Paulo

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